domingo, 22 de maio de 2011

Espiritismo e Evangelho - Bezerra de Menezes

Mensagem do Dr. Bezerra de Menezes aos membros do Conselho Federativo Nacional no encerramento da Reunião Ordinária de 1998

A sociedade contemporânea encontra-se em grave crise na qual os valores humanos estão sendo contestados.

A ética moral avança enlouquecida nos braços da violência e da agressividade, da conturbação, dos distúrbios emocionais e dos graves conflitos sexuais.

Há menos de cinqüenta anos, a crise do após guerra elegeu os deuses do nadaísmo através do desequilíbrio dos pensadores que proclamaram a desnecessidade dos valores espirituais.


Posteriormente, nova revolução eclode contra o Espírito imortal na década referente aos anos sessenta, mas hoje os instrumentos do desequilíbrio fomentam as guerras que se alastram da intimidade dos corações para as Nações em pugnas constantes, ameaçando a paz do Planeta.

O conforto, a necessidade, a ânsia do poder sobrepõem-se aos dispositivos do ser profundo e o homem e a mulher modernos, embora se banqueteando nas conquistas da comodidade, têm os olhos fechados e os ouvidos cerrados à dor, aos lamentos e à fome que se encontram a sua volta.

Extraordinária missão cabe ao Espiritismo: rehumanizar a sociedade moderna; trazer de volta Jesus, para que os homens compreendam, por definitivo, o sentido do amor e as suas naturais conseqüências; a fraternidade o respeito à ordem e aos direitos de todos os seres sencientes.

Mas, nos encontramos na noite da grande transição, que cederá lugar ao amanhecer de uma Era nova, e vós, espíritas, estais convidados ao trabalho de edificação dos porvindouros dias, desde hoje, pela vossa transformação moral, pelo empenho de cooperar com o Psiquismo Divino, que vos chega pela inspiração ou através das estrelas que descem do céu caindo sobre a Terra na personificação dos Espíritos que constituem o grupo da Verdade. É tarefa ingente, sacrificial, mas, na vossa condição de cristãos, não podeis olvidar que a doutrina do Mestre crucificado alcançou o seu momento glorioso nos dias inolvidáveis do martirológico. As dez perseguições iniciadas pelo Imperador Nero, no ano de 54, e que se alongaram até o século III, assinalam os momentos sublimes do testemunho, testemunho que sempre caracterizou todos os seres do ideal, desta ou daquela natureza, especialmente do ideal cristão.

Espiritismo sem Jesus, meus filhos não vai além de simples comunicação com as almas dos chamados defuntos. Espiritismo sem Evangelho não deixa de ser manifestação do velho fenômeno metapsiquista ou das modernas conquistas da parapsicologia e das demais doutrinas que a sucederam.

O Evangelho é diretriz de segurança, embora, muitas vezes se diga que o Evangelho tem sido motivo de lutas aguerridas, evocando as horas tristes das cruzadas, do Santo Ofício, da Santa Inquisição. Convém recordarmos que não se trata da palavra de Jesus, senão da doentia adaptação dos Espíritos infelizes que a esgrimiram a benefício da denominação terrestre, a favor das suas injunções políticas e com os objetivos do gozo no próprio Planeta.

O Mestre desdenhou o poder temporal e aceitou a cruz. Esteve acima das conjunturas transitórias e apegou-se ao dever que O trouxe à Terra em nome do Pai Celestial.

É indispensável que os espíritas estejamos convencidos, encarnados e desencarnados, de que esse Modelo Incomparável que nos serve de Guia deve fazer parte das nossas aspirações, do nosso ideal, do nosso dia-a-dia, e por amor ao Seu amor, cabe-nos pagar o preço áspero da incompreensão, suportar as tenazes da calúnia, da desmoralização, das acusações indébitas, silenciando, porquanto, essa foi à conduta que Ele se impôs e recomendou aos Seus discípulos, propondo-nos que, apesar de tudo, nos amássemos uns aos outros.

O emérito Codificador, por sua vez, a seu tempo, experimentou nas carnes da alma as incompreensões, fora e dentro dos arraiais do Movimento Espírita. Teve a coragem de não desanimar; teve o valor moral de não arremeter contra; soube expor a Doutrina com elevação, mas viveu-a cristãmente, santamente, dando-nos o legado incorruptível que devemos preservar para passar à posteridade.

Consideremos, de uma por todas as vezes, que o título que nos deve honrar - espírita - deve ser preservado com sacrifício, amando, amando sempre e conquistando os corações através das nossas renúncias, em relação ao egoísmo, ao personalismo vazio e às ambições transitórias de destaque.

Nesta hora grave que todos viveis, o Evangelho tem regime de urgência na interpretação luminosa da Doutrina Espírita.

Porfiai, lutadores do Bem, cujas armas são o amor, o perdão, a renúncia e a irrestrita confiança em Deus!

A hora mais grave da sombra, a meia-noite, que significa o apogeu da escuridão, logo abre espaço ao primeiro minuto do amanhecer. Preparai-vos para a madrugada, e avançai com o Astro-rei na direção da plenitude.

Muita paz, meus filhos. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde, hoje e sempre! São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,

  BEZERRA

Reformador jan 99  Págs 27 e 28

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